Planos e perspectivas na pintura

Um dos recursos mais utilizados pelos artistas é o uso dos planos e perspectivas para dar a sensação de profundidade na pintura.  Com o emprego correto da teoria de planos e perspectivas é possível fazer com que o observador "entre" na obra, transmitindo a impressão de que aquele cenário é realmente tridimensional.
A perspectiva nada mais é do que desenhar de forma que o objeto mostre as várias faces que o compõem.  Você certamente usou muito este recurso quando desenhava dados nas primeiras séries da escola, quando desenhava dois quadrados e ligava os cantos destes quadrados com linhas diagonais.  Desenhando desta forma você transmitia a sensação de que o dado era visto nas suas três dimensões:  altura, largura e comprimento.



Quanto aos planos, observe o quadro abaixo (A Casa Rhododendron).  Observe podemos "dividir" a imagem em várias "camadas", ou planos.  O plano de fundo, neste caso representado pelo céu, é a camada mais distante do observador.  Por ser um elemento pintado com cores claras, ajuda a dar destaque aos planos que se encontram mais próximos.
Logo antes do céu, podemos observar uma vegetação pintada em tons de um verde azulado, o que sugere uma vegetação mais distante, que neste caso compõe mais um plano do trabalho.
Na sequência, ainda mais próximo do observador, vemos as árvores pintadas em tons mais vivos de verde e uma árvore em tons mais quentes de amarelo e laranja.  Estas árvores estariam compondo um outro plano na pintura, ajudando a dar uma sensação de profundidade à imagem.
Continuando nesta sequência, observamos a casa amarela, com janelas e portas iluminadas.  Esta imagem estaria compondo mais um plano no trabalho, neste caso apresentando também um desenho em perspectiva que reforça a idéia de profundidade.
Finalmente, no que costumamos chamar de primeiro plano, vemos as flores, o gramado e o caminho que leva até à casa, reforçando a sensação de que podemos entrar pela imagem e chegar até os planos mais distantes.  Nesta imagem, com esta análise, conseguimos identificar 5 planos bem definidos.


Dessa maneira são utilizados os planos na pintura.  Pintando em primeiro lugar as imagens que estão nos planos mais distantes, e seguindo uma ordem de disposição dos elementos que compõem o trabalho.  É importante dizer que o número de planos no qual uma imagem é dividida varia de um artista para outro.  Isso depende do detalhamento da imagem e da sensação que se pretende provocar no observador.  Veja a imagem da natureza morta abaixo.

Natureza morta - Márcio Camargo - óleo sobre tela

O trabalho de Márcio Camargo é uma pintura a óleo sobre tela e pode ser dividido em 4 planos, por exemplo.  O plano de fundo, pintado em tons de marrom para dar destaque às cores quentes das frutas, um próximo plano onde se encontram a xícara e a maçã mais distante, o próximo plano onde se nota o cacho de bananas, a próxima maçã e o prato com a metade do mamão, e o primeiro plano, onde estão o copo e os talheres.  Desta forma temos a sensação de profundidade da composição, que aparentemente está posicionada sobre uma mesa.  Perceba que nesta imagem conseguimos identificar 4 planos bem definidos.
Utilizar este conhecimento ao planejar seu trabalho vai ajudar a definir quais serão os elementos a serem trabalhados antes e quais elementos devem ser trabalhados por último para que o trabalho realmente transmita a sensação de que os elementos obedecem a uma ordem de disposição em relação ao observador.
Agora você pode olhar os trabalhos de outros artistas com novos olhos:  os olhos de quem observa a disposição dos elementos na obra.  Até o próximo artigo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário